No início da Londres moderna, os viajantes que se aproximavam da cidade portuária pelo rio Tâmisa, eram recebidos por uma visão medonha. A margem do rio estava crivada de forcas, das quais pendiam vários cadáveres apodrecidos, presos em gaiolas de ferro.
Os corpos nas gaiolas balançando ao vento, geravam um terrível rangido de metal que aterrorizava e ultrajava ainda mais os viajantes.
Ainda assim, a infame forca da Doca da Execução (Execution Dock) de Londres, permaneceu por quase quatrocentos anos.
Aquele foi um tempo em que a Grã-Bretanha estava expandindo o seu império. A coroa britânica, impulsionada por ambições comerciais e pela necessidade de fazer concorrência com a Espanha e a França, começou a fundar colônias em lugares distantes.
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Uma réplica de uma forca nas margens do rio Tamisa em Londres. |
A coroa fez trocas extensivas com suas colônias que forneciam matérias-primas essenciais para a Inglaterra e ao mesmo tempo, serviram como mercados para produtos manufaturados britânicos.
Para que esse moderno sistema de comércio marítimo tivesse êxito, a Grã-Bretanha precisava de rotas comerciais seguras. Naqueles dias, e especialmente durante o reinado da rainha Elizabeth, os piratas, ou melhor, os corsários, eram patrocinados pelo Estado, ativamente apoiados pela coroa e usados como um instrumento de hostilidade contra navios de nações estrangeiras.
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Uma gravura 1795, descreve um pirata que está sendo enforcado na doca da execução. Também foi sugerido que o pirata é o capitão James Lowry, enforcado em 1762. |
A pirataria no alto mar foi considerada um crime grave, pois se tornou uma ameaça ao comércio marítimo. A única punição apropriada para tal crime, era a morte.
Os criminosos marítimos, incluindo piratas, amotinados e contrabandistas, que aguardavam a pena capital, eram detidos na prisão de Marshalsea, de onde eram transferidos para Wapping onde eram feitas os enforcamentos públicos na Doca da Execução.
Londres tinha muitos locais de execução pública, mas a Doca da Execução no Tâmisa, era usada especialmente para piratas.
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Uma xilogravura que mostra a execução de dois piratas em Wapping em 1583. |
As execuções públicas eram um entretenimento familiar naquele tempo. As ruas ficavam apinhadas de espectadores e as margens dos rios transbordavam com eles. Outros flutuavam no rio em barcos lotados de gente. Se reuniam homens e mulheres, jovens e idosos, assim como crianças, uma multidão imensa, todos desejosos de ver um criminoso ser pendurado pelo pescoço e morrer.
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Um pub em Wapping em homenagem ao capitão Kidd. |
Para fazer da provação algo o mais doloroso possível, os piratas eram pendurados por uma corda curta. A corda encurtada tornava a queda insuficiente para quebrar o pescoço do prisioneiro. Em vez disso, o condenado tinha uma morte lenta por estrangulamento. Durante a sufocação, a vítima se contorcia e lutava. Essa exibição macabra foi apelidada de "Dança do Marechal".
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A fim de promover o lançamento da série de piratas "Black Sails" no Amazon Prime Video em 2014, atores vestidos de piratas foram engaiolados e pendurados em uma praia do rio Tâmisa. |
Mas os piratas mais notórios eram deixados em exposição até apodrecer, pendurados pela corda e amarrados em uma gaiola de ferro, conhecida como uma gibbet, para servir de aviso para todos aqueles que seguissem seus passos.
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O corpo engaiolado do capitão Kidd que foi executado em Wapping em 1701. |
O criminoso mais famoso a ser coberto por alcatrão e pendurado em uma gaiola foi o capitão Kidd, que foi condenado por pirataria em 1701. Seu corpo permaneceu pendurado por dois anos, alguns dizem que três.
É altamente improvável que seu corpo tenha permanecido pendurado por vinte anos, informação frequentemente citada por alguns escritores. Sendo portanto, apenas uma das muitas fábulas e tradições que cercam o infame pirata. As últimas execuções na doca ocorreram em 16 de dezembro de 1830.
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Réplica da forca. |
Hoje, ninguém sabe ao certo onde o patíbulo original da Doca da Execução se encontra, já que foi removido. Mas, existe uma réplica em frente ao antiquíssimo bar Prospect of Whitby (de quase 500 anos), no Tâmisa.
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