terça-feira, 25 de novembro de 2014

Os Faróis Varridos pelas Ondas da Bretanha

A província da Bretanha, na parte noroeste da França, forma uma grande península que se estende em direção ao Oceano Atlântico fazendo fronteira com o Canal da Mancha Inglês ao norte e o Golfo de Biscaia ao sul. As águas situadas entre a costa ocidental e a ilha Ushant formam o Mar Iroise. Esta seção do litoral da Bretanha continua a ser um dos mares mais perigosos na Europa com frequentes tempestades violentas, enormes ondas e correntes poderosas.

Mais de trinta navios foram perdidos na região entre 1888 e 1904. Devido a isso, a costa rochosa é cheia de faróis - mais de um terço de todos os faróis e torres de iluminação que iluminam a costa francesa estão localizados aqui. Essas fortificações de granito, vêm alertando marinheiros distantes dos perigos desta costa recortada e rochas traiçoeiras, desde o século 18.

Um dos mais famoso faróis é aquele construído sobre uma rocha chamada La Jument, a cerca de 300 metros da costa da ilha de Ouessant. La Jument tornou-se conhecida em 1989, através de uma série de fotografias tiradas por Jean Guichard.

Em 21 de dezembro de 1989, uma frente de baixa pressão vinda da Irlanda trouxe ventos fortes e grandes ondas de 20 a 30 metros de altura que se abateram espetacularmente contra o farol. As ondas adentraram quebrando as janelas inferiores do farol, arrancando a porta da frente, inundando a torre e levando o mobiliário onda abaixo. O faroleiro Théodore Malgorn decidiu se refugiar na sala do farol enquanto esperava para ser resgatado.

Naquele mesmo tempo, o fotógrafo Jean Guichard estava em Lorient contratando um helicóptero para tomar fotos aéreas da tempestade. Guichard quis voar sobre o mar de Iroise, apesar das condições de voo extremamente perigosas. O helicóptero chegou ao La Jument e pairou em torno para que Guichard tomasse fotos das ondas batendo contra o farol. Dentro da torre, Théodore Malgorn ouvi o que ele pensava ser seu helicóptero de resgate e desceu correndo até a porta.

Naquele exato momento, uma onda gigante levantou-se sobre a parte traseira do farol e Guichard tomou sua mundialmente famosa fotografia em que a onda quebra contra a torre. Théodore Malgorn, de repente, percebeu que uma onda gigante estava prestes a engolir a estrutura e correu de volta para dentro a tempo de salvar sua vida.



Outro farol que merece uma visita é o Phare de Kéréon ou o farol Kéréon. O farol foi construído sobre um pequeno afloramento rochoso chamado Men Tensel localizado em um estreito chamado Passage du Fromveur entre as ilhas de Ouessant e Bannec. A Passage du Fromveur apresenta fortes correntes de maré, muitas vezes rodando os 8 nós, a segunda mais forte na França, após as de Raz Blanchard, na Normandia.

Como resultado, o mar ao redor do Phare de Kéréon nunca é calmo e grandes ondas assustadoras se abatem contra ele implacavelmente. O interior, no entanto, é outra história. O piso é de carvalho adornado com mogno e incrustado de ébano, as paredes são forradas de carvalho da Hungria, a escada é de azulejo e as camas fechadas são dignas das fazendas da Bretanha. Na verdade, o Phare de Kéréon foi apelidado de "O Palácio" por causa do seu interior ricamente decorado.

O farol foi construído entre 1907 e 1916, apoiado em parte por uma doação da Madame Jules Baudy, uma descendente de Charles-Marie Le Dall de Kéréon, um oficial naval guilhotinado com a idade de dezenove anos durante a Revolução Francesa no século 18, e depois o farol é batizado com seu nome.



Quando Madame Jules Baudy soube que o Ministério das Obras Públicas estava prestes a começar a construção do farol sobre a rocha "MenTensel", ela propôs uma doação de 585 mil francos com a condição de que o farol tivesse o nome de seu tio-avô. A generosa soma de Madame Baudy não só supriu o total das despesas do Estado, mas também o deixou com dinheiro suficiente para transformar o interior em uma residência de luxo.

A sala, cozinha e dois quartos para os faroleiros, que ocupam os primeiros quatro níveis, são ricamente cobertos com painéis de madeira de carvalho. Mas é "a sala de honra", localizado no nível 5, que detém a sua atenção: paredes revestidas em madeira de carvalho húngaro com vários painéis decorados com a estrela dos faróis em relevo. O piso de madeira, construído em betume, é decorado em seu centro com uma grande Rosa dos Ventos realizadas em ébano e mogno.



O farol foi construído em granito com um diâmetro de base de 4 metros e tem 48 metros de altura. Seu fogo foi aceso pela primeira vez em 1916 e continuou a trabalhar a óleo até 1972, quando foi eletrificado. Hoje, o farol é alimentado por baterias e dois geradores eólicos. Os faroleiros, que eram responsáveis ​​pela operação e manutenção adequada, deixaram o farol em 2004. Desde então, o farol é totalmente automatizado.









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30 comentários:

  1. muito legal...maravilhosa construção

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  2. Planejamento feito para durar!
    Boa coletânea de imagens e texto bem explicativo.
    Parabéns.

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  3. Planejamento feito para durar!
    Boa coletânea de imagens e texto bem explicativo.
    Parabéns.

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  5. Legal, e que tal copiar a técnica construtiva do farol para a ciclovia da Barra da Tijuca?

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  6. Excelente matéria, mas tenho uma curiosidade como foi construido em um mar tão revolto em uma epoca que não tinha tanta tecnologia como agora.

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  7. Sou fascinada por faróis. Fiquei feliz pela matéria e fotos. Também me impressiona saber como foram construídos. Parabéns!

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  8. Boa matéria.
    Só fiquei curioso como ele foi construído, principalmente a sua base.
    Abraço.

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  9. Gostaria muito de saber como foram colocados construídos. Se alguém souber ou tiver alguma fonte de informações peço que publique.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Josiane João6 de maio de 2018 10:25
    Muito boa matéria. Também tenho curiosidade de saber como foi colocado a base num lugar daqueles.
    Só mais um detalhe: Se fosse no Brasil uma doação daquele valor para construção de qualquer coisa, teriam roubado 90% do dinheiro e construído a "casinha de palha" dos três porquinhos!
    Que sirva de exemplo o bom uso que se pode dar ao dinheiro.

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  12. Tentando responder sobre como pode ter sido o início da construção. Não posso afirmar, mas em experiência em obras offshore em algumas regiões temos períodos de ondas pequenas e variação de marés que permitem às vezes trabalhar enxergando os afloramentos.
    Outros casos são jogadas rochas até aflorar e aí começar a obra.
    Flavio A.

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  13. Por mais que seja explicado é muito difícil imaginar...

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  15. Sem dúvida uma obra cercada de mistério, tenho a mesma curiosidade de muitos: como foi construída a base, diante de tantas adversidades principalmente com a violência do mar?

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  16. Gostei muito!
    Também tenho a curiosidade, como construir num mar tão revolto????

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  17. Realmente,a estória do farol de Koreon é digna de aplausos.

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  18. Fascinado. Nem parece que foram humanos que fizeram.

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  19. Amo faróis. Eles nos trás muitas mensagens, ao mesmo tempo que parecem solitários, também passa a imagem de fortes e imponentes. Até parece mesmo que não foram feitos por homens. Eu amo tanto faróis que já passei vários pra tela a óleo. Essa materia é maravilhosa e fascinante.

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