terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Phoolan Devi - A Rainha dos Bandidos


"Nasceu marcada pela pobreza e pelo estigma de pertencer a uma casta social baixa na Índia; no entanto, desde pequena mostrou um espírito rebelde e lutador; e ao crescer, se converteu na 'Rainha dos Bandidos' e derramaria sangue para fazer justiça..."

Phoolan Devi quando jovem
Phoolan Devi nasceu um 10 de agosto na inóspita aldeia de Gorha Ka Purwa, no Distrito de Jalaun, região de Uttar Pradesh, na Índia. A aldeia, como muitas nesse país, era constituída por um monte de barracos de barro e palha, no meio de uma paisagem onde o sol quase sempre batia com força abrasadora e as vacas e bois sagrados perambulavam entre estreitas ruas marcadas pela pobreza.

Como muitas mulheres da Índia, Phoolan nasceu no meio da pobreza, sob o estigma de pertencer a uma casta social baixa e ser mulher em um país onde, tanto os casais ricos como pobres, almejam quase sempre ter filhos homens, considerando às mulheres como fardos.

Devidin, pai de Phoolan e a quem esta qualificava como um ''simplório'', possuía um hectare de terra mas mesmo assim, precisava trabalhar como meeiro - ou seja, cultivando o terreno de outrem, com quem precisa dividir o produto daí resultante - para manter a sua crescente família.

Ele e sua esposa, Mula, padeceram a "desgraça" de gerarem quatro filhas antes de conseguirem um filho varão. Phoolan era a segunda das quatro filhas, e algo que a marcou, pese a ser uma criança, foi ver como seu pai perdeu quase toda a herança a ele destinada por culpa de seu irmão mais velho e do sobrinho que era filho daquele. Efetivamente, o pai de Phoolan sentia-se velho, cansado, abatido e sem motivação nem fé para levar adiante a sua família, coisa que indignou a Phoolan.

Assim, quando Phoolan tinha dez anos, começou uma batalha (com frequência de forma solitária) para recuperar a terra de sua família. Era uma criança enérgica e precoce, dotada de grande talento e de uma eloquência que não duvidou em usar para acusar e debochar de seu primo Maiya Din (o sobrinho que contribuiu para tirar a herança de seu pai) em frente dos amigos deste que eram de castas superiores.

Phoolan abandonou o marido e 
foi coagida a se suicidar
para restaurar a honra da
família...
Junto a ela estava sua irmã maior, de doze anos naquele momento. Ambas, depois das arremetida verbais de Phoolan, entraram no território de Maiya Din e se sentaram ali em sinal de desafio, mas aquele gesto foi aplacado quando Maiya Din, furioso, entrou e bateu em Phoolan com um tijolo, deixando-a inconsciente...

Quando Phoolan tinha onze anos, ante a insistência de seu influente primo Maiya Din, foi obrigada, tal e como acontece com muitas crianças pobres na Índia, a casar com um homem mais velho, um viúvo que praticamente a triplicava em idade. Phoolan se mostrou relutante e atemorizada, pois o sujeito na verdade era um monstro bateu nela em repetidas ocasiões, além de que a forçou a ter sexo...

No entanto o espírito rebelde de Phoolan não podia ser aplacado com a violência, e esta, pouco depois de cumprir doze anos, escapou e atravessou sozinha uma área quase tão grande como o Texas, com o medo, o desamparo e a dor atrás de si, mas também com a suficiente determinação para se enxugar as lágrimas e seguir adiante, até chegar de novo a sua casa, um local que talvez não podia chamar "lar", porque seus pais, consternados, envergonharam-se por ela ter violado o preceito segundo o qual, era uma vergonha familiar que uma filha abandonasse seu marido...

"Você trouxe a desgraça sobre todos nós, mas existe uma alternativa: você deve se suicidar e pular no poço do povoado.", disse a Phoolan sua mãe, mas ela se encontrava além dos atrozes condicionamentos de sua cultura e não se suicidou.

Durante os próximos dez anos de sua vida, Phoolan alternaria entre períodos fora e dentro da aldeia. Naqueles anos de adolescente, se casou com seu primo Kailash, quem já estava casado e consequentemente, a união não durou muito. Para ser aceita por sua própria família, Phoolan cortava pasto e dava de beber ao búfalo. Paralelamente, e em parte que sua reputação já era má desde que abandonou o seu primeiro marido, Phoolan se tornou promiscua e por causa disso, foi ainda mais marcada pelo desprezo público, mas em lugar de mudar por isso, Phoolan se banhava nua no rio Yamuna, talvez como uma forma de provocação...

Paralelamente a todas essas peripécias, Phoolan continuou a batalha legal contra Maiya Din, seu primo e inimigo de infância. Longe da força ser a sua primeira opção, Phoolan usou a inteligência e conseguiu levar o caso de seu pai (ao que injustamente lhe haviam tomado quase toda a herança) ante o Tribunal Superior de Allahabad, onde um dactilógrafo, em sua velhice e depois de se aposentar, lembraria dela como uma garota veemente e animada, com os olhos brilhantes de vida e uma verdadeira atitude dramática aparentemente premeditada.

Ingresso ao grupo de bandidos

Phoolan com seu
traje de bandida.
Em 1979, quando Phoolan tinha 21 anos, foi detida com base à falsa acusação de ter roubado na casa de seu primo Maiya Din. Então passou em um mês sob custódia policial, onde foi espancada e estuprada igual que muitas mulheres na Índia. Muitos dos policiais que a agrediram eram amigos de seu primo. Foi um mês traumático, ao qual, Phoolan se refere dizendo:

"fui um pedaço murmurante de lixo no canto de uma suja habitação, com ratos olhando-me fixamente nos olhos..."

Depois de sair, tudo mudaria no dia da festividade de Sawan Dui, a princípios de julho daquele ano. Naquele momento, Phoolan, do mesmo modo que quase todos na aldeia, havia escutado rumores sobre uma quadrilha de bandidos liderada por um tal Babu Gujar, famoso por sua crueldade.

Antes do acontecimento chave, rumores diziam que Phoolan havia recebido, depois de ser vista tomando banho no rio, uma carta por parte do bando, na qual, ameaçavam-na com lhe cortar o nariz, castigo não pouco frequente na Índia, onde costuma ser usado para sancionar a indiscrição das mulheres.

Seja como for, o fato determinante aconteceu quando, passando da meia-noite daquele Sawan Dui, Phoolan dormia em casa de sua família e de repente escutou passos de botas e percebeu raios de luz que pouco depois, saberia que eram das tochas que carregavam os membros da quadrilha de Babu Gujar, cujas silhuetas não demoraram em se revelar das sombras que se projetaram na parede, segundos antes de um episódio que, em parte pelas próprias discrepâncias surgidas das vezes em que Phoolan contou o acontecido, permanece parcialmente sem esclarecimento.

Em todo caso, Phoolan foi sequestrada pelos bandidos e Babu Gujar abusou sexualmente dela por dois dias inteiros; mas, em certa ocasião quando tentava violentá-la no terceiro dia, Vikram Mallah (segundo no comando do bando), quem pertencia à casta de Phoolan e desde tempos atrás a admirava, não suportou mais a indignação e disparou contra Babu Gujar, matando-o e assumindo a liderança da quadrilha posteriormente.

Como era de se esperar, Phoolan encontrou um protetor em Vikram, e não demorou em se converter  em sua amante. Então, tão rápido como se expandem as chamas em um incêndio, um rumor se espalhou pela zona de que a quadrilha tinha um novo líder e que Phoolan, cuja estima havia caído ao chão, era agora uma importante (por ser a amante de Vikram) bandoleira cuja honra estava reivindicada sob o selo do revanchismo social que era inerente os grupos antissociais como o comandado por Vikram, grupos todos estes que estavam integrados por indivíduos que vinham de castas sociais baixas e que em consequência albergavam uma particular hostilidade contra as castas superiores.

Cabe indicar que na Índia, a casta não é só uma questão de status sócio-econômico, pois tem suas raízes em um uso corrompido da crença na reencarnação, graças ao qual, se pensa, ao menos em linhas gerais, que o rico é rico por seus méritos de vidas passadas, por seu Karma, igual que o pobre é pobre em virtude de sua existência pregressa e desse modo, o rico é superior ao pobre não só em poder aquisitivo mas também em espírito...

Com o tempo, Phoolan chegaria a ser conhecida como "A Rainha dos Bandidos", título que já desde o começo lhe caía bem, pois desde seus tempos como amante de Vikram, empregava em um carimbo de borracha que ela como papel timbrado com este lema: "Phoolan Devi, beleza dacoit, amada de Vikram Mallah, Imperador dos Dacoits" ("dacoit" é um termo hindi empregado para designar os bandidos)

Vikram: mestre, protetor e inspiração para sua vingança

Phoolan em uma revista francesa
Vikram ensinou a Phoolan todo o necessário para brilhar no mundo selvagem e perigoso dos bandidos da Índia. Khuswant Singh, editor que pesquisou a fundo a biografia de Phoolan, se expressou nestes termos sobre Vikram:

"Era um tipo jovem e elegante, alto, magro e justo, e obviamente estava muito apaixonado por ela. Tinha o cabelo longo aparado, e comprou-lhe um rádio e um gravador, já que ela era uma grande aficionada a escutar música de filmes. Também lhe ensinou a manipular a pistola, e ela se converteu em uma formidável atiradora."

Vikram, que costumava aconselhá-la, disse muito claramente em palavras de uma popular canção que cantavam nos povoados da Índia: "Se vai matar, mata vinte, não um só. Porque matando vinte, sua fama se espalhará; mas se mata apenas um, te enforcarão como uma assassina"

Sendo uma sólida equipe, durante o ano seguinte a sua incorporação na quadrilha, Vikram e Phoolan levaram o bando ao longo de terras baldias, áridas paisagens, montanhas e selvas como as de Uttar Pradesh e Madhya, zonas todas controladas por bandidos como os que Vikram dirigia, por bandoleiros que implantavam a lei da bala e do punhal em um palco onde a influência dos corpos estatais de segurança eram tão pálidos que, naqueles aproximados 8000 quilômetros, podia se dizer que eram "terra de ninguém".

Capa do livro: Eu, Phoolan Devi - 
Autobiografiada da Rainha dos Bandidos
Naquelas zonas, os "dacoits" de Vikram roubaram, saquearam aldeias de castas superiores e fizeram reféns. E sempre, excentricamente e por petição de Phoolan, depois de cada incursão o grupo ia a algum templo mais ou menos oculto da deusa Durga, da qual Phoolan dizia receber proteção, presságios e sinais. Por exemplo, referindo-se a um desses sinais sutis e falando de como o medo não estava ausente em sua perigosa vida, em 1983 Phoolan disse em uma conferência de imprensa:

"Todos os dias vivi com medo. Uma noite na selva, eu estava sentada em nossa fogueira e senti que algo deslizava sobre minhas coxas. Percebi que era uma serpente. Rapidamente levantei-me e joguei-a a um lado, mas sabia que era um mau presságio, de modo que peguei nossas armas e corri. Dez minutos mais tarde, vimos as luzes de um forte contingente policial em nosso acampamento. Deus envia os seus próprios sinais"

Mas o pior dos presságios se deu em uma noite de verão em agosto de 1980, pouco depois da festa de Sawan Dui, durante as monções (chuvas). Phoolan viu um corvo pousado em uma árvore morta na beira do acampamento, e rogou a Vikram para que fossem embora, convencida de que aquilo era um presságio de que algo terrível iria acontecer ali, mas seus pedidos foram em vão e Vikram estava apaixonado demais naquela noite, de modo que levou-a para à cama achando que o caso do corvo era pura superstição.

Phoolan dizia receber presságios
proféticos, por exemplo, antes de
que Vikram morresse, ela viu um
corvo em uma árvore seca junto
ao acampamento onde estava
com ele.
Infelizmente ele se enganou e pouco depois um disparo rasgou a paz da noite. Inquieto, Vikram sentou-se e olhou para os dois lados. Phoolan achava que a Policia havia rodeado o acampamento e pegou o seu fuzil. A tensão era palpável, e em questão de segundos, sem que nenhum dos dois tivesse tempo de sair da barraca de acampamento em que estavam, outro disparo foi ouvido, e uma bala entrou e perfurou a cabeça de Vikram, apagando para sempre seus pensamentos. Foi uma cena realmente trágica, pois Vikram morreu imediatamente, caindo sobre o colo de Phoolan, como um último gesto involuntário de amor...

Os assassinos eram dois irmãos que poucos dias atrás haviam se unido ao grupo depois de passar uma temporada na cadeia. Seus nomes eram Sri Ram e Lala Ram. O assassinato de Vikram Mallah foi uma vingança pela morte do ex líder da quadrilha, Babu Gujar, e pelo fato imperdoável que Vikram, sendo de casta baixa, havia tomado a liderança do bando, liderada anteriormente por alguém de casta de elite terra-tenente (proprietário de terras). Como era de se imaginar, sendo também de casta terra-tenente, os irmãos Ram assumiram a liderança do grupo e a reorganizaram segundo seus despreciáveis critérios de casta...

Dizem que Phoolan jamais se recuperou da morte de Vikram, e que nunca quis falar com suficientes detalhes o que lhe fizeram os irmãos Ram; mas sabe-se, graças a várias testemunhas, que a amordaçaram, ataram suas pernas e braços e a jogaram em um veleiro que surcou as águas do rio Yamuna até chegar a Behmai, onde por 22 dias a mantiveram cativa em uma choça escura, suja e mal cheirosa, na qual, a cada meia-noite era violentada por muitos homens altos e com turbantes, que se revesavam para ultrajá-la, até que finalmente ela perdia o conhecimento...

Phoolan nunca se recuperou da morte
de Vikram, mas faria sua vingança no
São Valentim, e nela 22 homens
jovens perderiam a vida...
No vigésimo terceiro dia, os irmãos Ram a libertaram e lhe mandaram que fosse trazer água do poço do povoado. Ela estava cansada, fraca, suja, cheia de hematomas, e tentou se negar a trazer água mas Sri Ram a fez se retorcer no chão com um pontapé brutal que deu no seu estômago como represália. Para arrematar, tirou-lhe o cobertor que levava e a obrigou a ir nua buscar água, ante o escarnio e os risos dos homens de Behmai, que em lugar de se compadecerem foram tão cruéis que lhe cuspiram...

Por fortuna, essa mesma noite e após os irmãos Ram irem embora, Santosh Pandit, um amigo de Phoolan e de um sacerdote de um povoado próximo, entrou silenciosamente à habitação em que estava Phoolan e tirou ela de lá, escondeu-a na parte traseira de uma carreta de bois e levou-a embora. Posteriormente, com a ajuda do bandido Man Singh, Phoolan fundaria sua própria quadrilha e dezessete meses após o dia de sua libertação, vingativamente derramaria sangue em Behmai durante o dia de São Valentim...


São Valentim sangrento, o dia da vingança

Em 14 de fevereiro de 1981, a quadrilha de Phoolan assaltou a rica aldeia de Behmai, na qual, naquele momento, viviam umas 50 famílias da casta guerreira e terra-tenente dos Thakur, segunda mais importante no sistema bramânico de castas.

O plano era perfeito: Behmai era uma cidade isolada e era preciso cruzar o rio, caminhar pelo campo e atravessar terrenos difíceis a fim da alcançá-la. Isso era conveniente por um lado; mas, por outro, fazia com que os visitantes passassem menos desapercebidos, de modo que Phoolan fez com que vinte membros do seu bando se vestissem de policiais e graças a isso entraram sem levantar suspeitas, podendo penetrar no meio dos preparativos que estavam fazendo para um enorme casamento de São Valentim.

A quadrilha, a fim de enganar, pretendeu ser dirigida por um jovem que levava uma jaqueta de cor caqui com três estrelas de prata próprias de um superintendente da Polícia. Phoolan estava maquiada com lápis labial brilhante, tinha as unhas pintadas de vermelho, havia cortado o cabelo de maneira diferente, tinha uma pistola Sten pendurada no ombro, e uma correia cheia de balas cruzava todo o seu peito, ao estilo dos revolucionários mexicanos.

Imagem ilustrativa pertencente ao filme "Bandit Queen" dirigido por Shekhar Kapur do ano de 1994
Tudo foi estranho, pois Phoolan levou o seu grupo ao santuário de Shiva que estava perto. Ali, ela e os demais oraram, depois alguns homens se dispersaram estrategicamente para rodear os Thakur, e então Phoolan ligou o megafone que carregava e disse:

"Escutem aqui caras! Se vocês amam suas vidas, levantem às mãos e ponham ante vocês todo o dinheiro, a prata e o ouro que tenham. E escutem novamente: sei que Lala Ram e Sri Ram se escondem nesta aldeia, e se não me entregam eles, vou meter minha pistola em suas bundas e vou rasgá-las. Lhes Fala Phoolan Devi. Jai Durga Mata!" ("Vitória para Durga a Deusa Mãe!")

Depois de acabar de falar, Phoolan ordenou aos seus homens que começassem à busca, enquanto ela permaneceu no poço, observando tudo com atenção até que, depois de quase uma hora, seus homens voltaram e lhe informaram que não haviam visto rastro algum dos Ram e que todos negavam tê-los visto. "Mentem! Eu lhes ensinarei a dizer a verdade!", exclamou Phoolan e ato seguido, ordenou juntar e rodear a todos os homens jovens da aldeia, colocando trinta deles em uma fila em frente do poço.

Então se aproximou deles com autoridade, cuspiu na cara de vários e disse: "A não ser que digam-me onde estão esses bastardos, vou assá-los vivos". Pese às ameaças, os homens faziam questão de não ter visto os Ram; e Phoolan, furiosa, começou a passear percorrendo a fila de reféns, arrancando-lhes os turbantes e acertando-lhes nos genitais com a coronha de sua rifle.

Posteriormente, e ainda continua sendo matéria de debate se foi ou não Phoolan quem deu a ordem, foi ordenado aos 30 reféns que caminhassem até um aterro em frente do rio, onde fizeram que se ajoelhassem e soltaram uma chuva de balas, matando 22 deles...

O acontecimento constituiu o maior massacre perpetrado por "dacoits" desde a criação da Índia moderna, e foi um autêntico grito de insurreição contra a ordem social estabelecida, já que: 1) havia sido dirigido por uma mulher, sendo estas consideradas como inferiores aos homens, 2) haviam morrido mais pessoas que em qualquer outro massacre "dacoit", 3) as vítimas eram de uma casta superior, e os matadores de castas inferiores.

Pacto, rendição e prisão


Phoolan (acima, no centro) junto ao seu grupo, depois de se entregar sob certas condições no  ano de 1983.


Dois anos haviam se passado desde o massacre de Behmai e ainda a Polícia não tinha podido capturar a Phoolan Devi, apesar de que isso era objetivo de primeira ordem desde o ocorrido naquele sangrento São Valentim. Mas Indira Gandhi, chefe de Estado naquele tempo, sabia que a maioria dos integrantes do bando de Phoolan estavam mortos e que Phoolan estava em mau estado de saúde e já que compartilhava (por ser também de casta baixa) com ela a ideia de que o sistema de castas era ruim, lhe ofereceu um pacto de rendição e Phoolan aceitou sob as seguintes condições:

  • A entregariam à Polícia de Madhya Pradesh, não à de Uttar Pradesh
  • Só curvaria seus braços ante a imagem de Mahatma Gandhi e a deusa Durga, não ante a Polícia ou autoridade alguma
  • Não lhe dariam pena de morte
  • Lhe dariam uma parcela de terra.
  • Escoltariam a sua família para a cerimônia de rendição

Phoolan, escoltada por
um policial no dia em que
se entregou à Justiça.
O Governo aceitou e na cerimônia de rendição, Phoolan pôs seu rifle ante os retratos de Gandhi e da deusa Durga. Os espetadores eram aproximadamente 10.000 pessoas e 300 policiais, além de políticos como o primeiro-ministro de Madhya Pradesh, Arjun Singh.

Phoolan Devi foi acusada de 48 delitos, entre os quais constavam 30 acusações por formação de quadrilha e sequestro. Seu julgamento foi atrasado por 11 anos, nos quais, ela esteve enclausurada na prisão, sendo nesse tempo esterilizada mediante uma histerectomia, pois muitos opinavam depreciativamente, como o médico do hospital em que a operaram, que:

"Não queremos mais crianças de Phoolan Devi, nos basta com ela".

Finalmente, em 1994 Phoolan foi libertada depois que o Governo de Uttar Pradesh, encabeçado por Mulayam Singh Yadav, retirasse todas as acusações contra ela.

De bandoleira a política

Phoolan foi eleita para a circunscrição de Mirzapur
em 1996
Em 1996, Phoolan se candidatou às eleições do décimo primeiro Lok Sabha, em representação do Partido Samajwadi, que advogava por um incremento na ajuda aos pobres e oprimidos.

Com uma popularidade extraordinária, ela instaurou a casta baixa na política com segurança e dignidade. Varrendo as aldeias remotas de Uttar Pradesh em uma campanha de carreata guardada por seguranças fortemente armados e apelando diretamente para às frustrações dos eleitores de castas mais baixas da Índia, que compõem cerca de 85 por cento do eleitorado.

Seus admiradores compareceram em número recorde para apoiá-la pois ela prometera trabalhar para a "elevação das mulheres, dos oprimidos e dos pobres." 

Assombrosamente, Phoolan foi eleita para a divisão territorial de Mirzapur, em Uttar Pradesh, embora posteriormente perdeu nas eleições de 1998, mas foi reeleita outra vez em 1999, chegando a ser membro ativo do Parlamento no ano em que morreu.

Morte

Em 25 de julho do 2001, Phoolan Devi, que naquele momento tinha 44 anos, saiu de sua casa de número 44 da Rua Ashoka em Nova Delhi às 1:30 pm. Ela ia caminhando à Casa do Parlamento, que estava próximo; no entanto, inesperadamente sua caminhada foi interrompida quando um carro modelo Maruti diminuiu a velocidade, se alinhou em frente a ela e então os vidros baixaram e três homens com capuzes, armados com dois revólveres e uma pistola Webley Scott, abriram fogo contra ela, disparando nove balas e acertando três na cabeça e duas no tórax...

Phoolan caiu fulminada na calçada e uma enorme poça de sangue se formava enquanto seus assassinos escapavam da cena do crime. Pouco tempo depois levaram-na ao hospital, mas não conseguiram salvá-la.

Na época em que Phoolan morreu assassinada, um filme já havia sido feito sobre ela, havia escrito um livro e além disso, desfrutava de um positivo reconhecimento público, pois era  vista como um tipo de justiceira.


Posteriormente soube-se quem estavam por trás do crime, já que o cérebro do atentado, Sher Singh Rana vulgo "Pankaj", terminou se entregando à Polícia, referindo que o crime havia sido uma vingança pelos 22 homens de casta superior que supostamente Phoolan ordenou matar em Behmai.

Na época em que Phoolan morreu assassinada, já haviam feito um filme sobre sua vida, ela havia escrito um livro e além disso, desfrutava de um positivo reconhecimento público, pois era e ainda é vista como uma expressão de justiça dos oprimidos.

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