Durante o século 12, as pessoas nas partes central e ocidental da França ergueram pequenas torres nas suas aldeias com janelas no topo, onde lâmpadas eram colocadas como em faróis, ainda que nenhuma delas esteja perto do mar.
Essas estruturas são conhecidas como "Lanternas dos mortos" e foram projetadas para indicar a posição de um cemitério. Mas isso pode não ser verdade, considerando que algumas dessas torres estão localizadas longe de campos-santos.
As torres vêm em todas as formas e tamanhos, mas geralmente, assumem a forma de uma coluna ou uma pequena torreta com uma tampa cônica e uma cruz no topo. Uma pequena entrada na parte inferior dá acesso ao interior da torre, de modo que uma lâmpada poderia ser içada por uma polia até a altura necessária ao anoitecer.
Um dos exemplos mais perfeitos está localizado na comuna de Cellefrouin, onde há uma série de oito eixos semicirculares anexados, elevados em um pedestal e coroados com um telhado cônico decorado com cones de abeto. A janela através da qual a lâmpada brilha, está de frente para a estrada principal.
"Lanternas dos Mouros" = "Lanternas dos Mortos"
A origem precisa e o propósito dessas torres é debatido entre estudiosos. Alguns acreditam que essas torres foram originalmente chamadas de "Lanternas dos Mouros" ("Lanterne des Maures") em vez de "Lanternas dos Mortos" ("Lanterne des morts"), já que as palavras francesas para "mouros" (maures) e "mortos" (morts) soam tão semelhantes, que teriam se misturado em algum lugar ao longo da história.
Essa teoria definitivamente tem fundamento, já que o mapeamento cuidadoso dos locais originais das lanternas indicam que estavam localizadas perto de estradas antigas, particularmente aquelas associadas a peregrinações. Assim sendo, as "Lanternas dos Mortos" poderiam simplesmente ser luzes guia para viajantes em tempos antigos.
Os estudiosos também encontraram evidências que ligam a construção dessas torres às Cruzadas. Por exemplo, a origem da lanterna em Sarlat-la-Canéda, no sul da França, está ligada ao abade Bernardo de Claraval, que desempenhou um papel importante na Segunda Cruzada. Contam que foi construída depois de uma visita do abade à cidade, em 1147, possivelmente pelos Cavaleiros Templários.
Muitos dessas "Lanternas dos mortos" espalhados pelos campos têm seu próprio pequeno mistério. Por exemplo, as lanternas em Vergèze, no sul da França, se parecem com as chaminés do Palácio Bakhchisaray, o Palácio dos tártaros da Crimeia, na Crimeia, localizado a mais de 3.000 km de distância.
Na verdade, o outro nome da lanterna é "cheminée sarrasine" ("chaminé sarracena"). "Sarraceno" é uma palavra antiga que referencia muçulmanos ou árabes, e o Palácio Bakhchisaray é um palácio muçulmano.
As "Lanternas dos mortos" não estão geograficamente restritas à França, embora este seja o lugar onde ocorrem em números mais altos. Essas estranhas torres também podem ser encontrados na Inglaterra, Áustria, Alemanha e Polônia.
Lanterna dos mortos em Cellefrouin, na França.
Lanterna dos mortos em Ciron, França.
Lanterna dos mortos em Antigny, Poitou-Charentes, França.
Dentro da torre de Saint-Genou, na França.
Lanterna dos mortos e ossuário em Lieding, na Áustria.
Lanterna dos Mortos em Journet, Poitou-Charentes, França.
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